Exposição: Gabinete de Obras Máximas e Singulares

O mapa aquarelado Typus orbis universalis, de 1552, -foto: BN
Exposição Gabinete de Obras Máximas e Singulares
até 30 de novembro de 2016
na Biblioteca Nacional

Obras da antiguidade clássica, animais empalhados, autômatos, minerais, fósseis, fragmentos de meteoritos, esculturas, sementes, plantas conservados em frascos, instrumentos musicais, etc., compunham o acervo dos gabinetes de curiosidades.

Organizados durante os séculos XVI e XVII na Europa, por eruditos, naturalistas, profissionais liberais e nobres interessados pela ciência e pela arte, os gabinetes de curiosidades eram originalmente locais de estudos, periodicamente abertos ao público. Os gabinetes de curiosidades conheceram seu apogeu com a descoberta do Novo Mundo, quando itens inusitados e exóticos atravessaram os mares e vieram enriquecer e diversificar seus acervos. Tudo o que incitasse à curiosidade tinha lugar nos gabinetes, que, segundo uma lógica de correspondência, aparentemente arbitrária, dispunham, lado a lado, itens oriundos da natureza com objetos criados pelo homem, onde o excesso e o acúmulo impressionavam, provocando no visitante um verdadeiro estado de maravilhamento.


obra em da exposição "Gabinete de Obras Máximas
 e Singulares" - foto: Antonio Urano
Os critérios de disposição de obras dos gabinetes de curiosidades inspiram esta exposição composta por 507 obras do acervo da Biblioteca Nacional. Dispostas em dezoito vitrines e uma sala, essas obras estruturam uma narrativa atravessada pelos temas do tempo, da fé, do anseio, da ambição, da desmesura e do despropósito, da admiração, da surpresa, da contradição, do horror, da alegria, da beleza e da estranheza, formando, então, um Gabinete de Obras Máximas e Singulares. Máximas, por serem superlativas em significado, e singulares por serem, em si mesmas, únicas, o que as qualifica, todas, como raras. Também raras pelo fato de estarem sendo exibidas pela primeira vez, destacando-se dentre muitas, os catálogos de gabinetes de curiosidades, que, a partir de 1808, juntamente com cerca de 60.000 itens oriundos de Lisboa, fizeram o roteiro inverso ao da peregrinação das maravilhas do Novo Mundo para a Europa, atravessando o Atlântico em direção ao Rio de Janeiro, para constituir o que é hoje a Biblioteca Nacional.

Até 30 de novembro, os corredores da Biblioteca Nacional (BN), se transformarão em um gabinete de curiosidade. Parte do acervo de obras raras da BN está à mostra na exposição Gabinete de Obras Máximas e Singulares. Com entrada franca, a exposição, com 507 peças originais, pode ser visitada de segunda a sexta, das 10h às 17h, e aos sábados, das 10h30 às 14h.

Entre as principais obras presentes na exposição está o mapa aquarelado Typus orbis universalis (1552), no qual o Oceano Pacífico (Mare pacificum) aparece nomeado pela primeira vez. Seu autor, o matemático e geógrafo alemão Sebastian Münster [1489-1552], possuía conhecimento enciclopédico detalhado do mundo conhecido e desconhecido.

O público também pode conferir a edição de 1529 do Livro das Maravilhas, escrito pelo famoso viajante veneziano Marco Polo [1254-1323], no qual são relatadas as maravilhas vistas nas terras orientais das Índias, Armênia, Arábia, Pérsia e Tartária.

Outra obra exposta é o Historia Naturalis Brasiliae, de 1648, escrito pelo médico e naturalista holandês Willem Piso (1611-1678), integrante da missão científica que veio ao Brasil com Maurício de Nassau. Pioneira em medicina tropical, é a mais extensa documentação sobre a  flora e a fauna brasileiras do século XVII. Piso contou com a colaboração de outro integrante da missão: o naturalista alemão George Marcgraf (1610-1644).

Outras curiosidades da exposição são fichas manuscritas de inscrições do poeta Carlos Drummond de Andrade [1902-1987], do advogado e bibliófilo Plínio Doyle Silva [1906-2000] e do ator Grande Otelo [1915-1993] como leitores da Biblioteca Nacional.

Gabinetes de curiosidades
Exposição: Gabinete de Obras Máximas e Singulares
Segundo a curadora da exposição, Cláudia Fares, os gabinetes de curiosidades tinham um critério aparentemente caótico na forma de dispor os objetos de seus acervos e isso incentivou a organização da exposição em cartaz na BN. 

"A organização dos gabinetes refletia a visão de mundo alargada, comunicante, orgânica, nas antípodas da ciência moderna, que separa tudo para classificar. Vale lembrar que os gabinetes se situam no período barroco, em que imperavam o exagero e a acumulação, e em que polos opostos como ciência e fé, o real e o fabuloso, andavam de mãos dadas. O espaço físico dos gabinetes refletia esse espírito", explicou. "Assim reunidos, esses objetos, que emanavam uma profusão de sentidos e associações temáticas e visuais, compunham um Teatro do Mundo, provocando no espectador um verdadeiro estado de maravilhamento", destaca. 

Para Cláudia, a exposição dará ao público uma ideia da riqueza e da diversidade do acervo da Biblioteca. "A maneira de mostrar dos gabinetes de curiosidades se revelou um caminho interessante para expor essas obras. Que caminho mais livre para expor as obras da BN senão o sugerido pela organização dos gabinetes de curiosidades? Esta não é uma exposição temática e sim caleidoscópica, porque sugestiva, uma vez ser impossível esgotar tamanho universo. Nenhum dos temas, distribuídos em dezoito vitrines e uma sala, está encerrado, mas anunciado, entrevisto e sugerido em cada uma das obras que o ilustram", afirma.

algumas obras da exposição
obra em da exposição "Gabinete de Obras Máximas e Singulares" - foto: Jaime Acioli/Veja Rio

Historia Naturalis Brasiliae, de 1648, escrito pelo médico e naturalista holandês Willem Piso
obra em da exposição "Gabinete de Obras Máximas e Singulares"  foto: Jaime Acioli/Veja Rio

obra em da exposição "Gabinete de Obras Máximas e Singulares" - foto: Antonio Urano

O Deus Hindu Curna a Tartaruga em sua segunda encarnação - desenho atribuído
a Carlos Julião (1740-1811) - foto: Jaime Acioli

obra em da exposição "Gabinete de Obras Máximas e Singulares" - foto: Antonio Urano

obra em da exposição "Gabinete de Obras Máximas e Singulares" - foto: Antonio Urano

obra em da exposição "Gabinete de Obras Máximas e Singulares" - foto: Antonio Urano

SERVIÇO
Exposição: Gabinete de Obras Máximas e Singulares
Data: até 30 de novembro de 2016
Local: Biblioteca Nacional - BN - Av. Rio Branco 219, Rio de Janeiro RJ
Período e horários:  Segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. Sábado, das 10h30 às 14h.
Quanto: Entrada franca
Mais informações: Site Biblioteca Nacional
:: Fonte: BN/Minc

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